O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuou, por volta das 23h30 da última quinta-feira (22), de parte das mudanças previstas no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A decisão foi motivada pela repercussão negativa da medida e pelo receio de que a crise de comunicação se repetisse, como ocorreu em janeiro deste ano com o Pix. A avaliação no Planalto é de que o impacto foi amplificado pelo chamado “efeito Nikolas”, em referência ao deputado Nikolas Ferreira, cujos vídeos críticos têm viralizado com força nas redes sociais.
Olha só, não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em outro momento, Nikolas já havia causado forte reação ao publicar vídeos sobre a fiscalização do Pix, que chegaram a ultrapassar 100 milhões de visualizações em apenas um dia. Mais recentemente, ele também responsabilizou o governo por descontos irregulares nos benefícios do INSS, gerando ainda mais desgaste para a imagem do Executivo. Temendo novos desgastes, os ministros Rui Costa, Sidônio Palmeira e Gleisi Hoffmann se reuniram com técnicos para revisar o decreto do Ministério da Fazenda, contando com a participação remota do ministro Fernando Haddad, que estava em São Paulo.
Inicialmente, a medida previa cobrança de 3,5% de IOF sobre investimentos de fundos brasileiros em ativos no exterior — operação que era isenta. O anúncio causou forte reação no mercado financeiro, que acusou o governo de tentar impor um controle de capitais. Diante da pressão, a revogação parcial foi anunciada ainda na madrugada. Já na manhã da sexta-feira (23), Haddad confirmou publicamente a mudança, dizendo que não vê problema em “corrigir a rota”, contanto que a política econômica siga seu curso. Mesmo assim, o episódio trouxe de volta as críticas à falta de sintonia entre as áreas técnica e política do governo, como visto na crise do Pix no começo do ano.
