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Em meio aos desdobramentos da “Farra do INSS”, uma reunião fora da agenda oficial voltou a chamar atenção nos bastidores do governo federal. Em 13 de março de 2023, o então secretário do Regime Geral de Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, recebeu no gabinete o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. A informação foi obtida por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Segundo os registros, o encontro durou 30 minutos, das 10h37 às 11h07, e não foi registrado no sistema e-Agendas. Adroaldo alegou que desconhecia a identidade do visitante, mas o recebeu após ser informado por uma assessora que ele acompanhava um representante de correspondentes bancários.
Não foi a primeira vez que o nome de Adroaldo Portal aparece atrelado a figuras de peso em diferentes gestões. Jornalista de formação, ele tem um histórico de atuação em governos petistas, tendo sido chefe de gabinete e secretário-executivo substituto no Ministério das Comunicações durante a gestão Dilma Rousseff. Também presidiu o Conselho de Administração dos Correios e atuou como conselheiro fiscal da Telebras. Mais recentemente, foi chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA), que já admitiu conhecer o Careca do INSS. Esse mesmo senador foi responsável por indicar André Fidélis para a diretoria de Benefícios do INSS – cargo do qual foi afastado em 2024, após o surgimento de suspeitas de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
A reunião entre Adroaldo e o lobista ocorreu horas antes de uma sessão do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que aprovou a redução do teto de juros do empréstimo consignado do INSS – tema que, segundo o secretário, teria sido o único tratado na conversa. Apesar da justificativa de “falha de pauta” para a ausência do encontro na agenda oficial, a ligação entre membros do alto escalão da Previdência e investigados no escândalo levanta questionamentos. A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em 23 de abril, teve como base as denúncias do portal Metrópoles e resultou na demissão de Carlos Lupi e do então presidente do INSS. As investigações seguem em andamento, com foco em desvios que ultrapassam R$ 2 bilhões e afetam diretamente milhares de aposentados.
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